Câncer de orofaringe (garganta) e o aumento de casos relacionados à infecção pelo HPV

Afinal, o que é o câncer de cabeça e pescoço?
20 de abril de 2023
Principais efeitos colaterais da quimioterapia e como amenizá-los
22 de maio de 2023

O câncer de orofaringe, popularmente conhecido como câncer de garganta, sempre foi fortemente associado ao tabagismo e consumo excessivo de álcool. No entanto, nos últimos anos, apesar de ambos continuarem sendo fatores de risco importantes, temos visto o aumento na incidência desses tumores relacionados à infecção pelo papilomavírus humano (HPV), considerado uma doença sexualmente transmissível.

Outro dado relevante é que, ao contrário das neoplasias causadas pelo cigarro e etilismo, mais prevalentes em pessoas acima dos 60 anos de idade, os tumores HPV positivos acometem, em sua maioria, os mais jovens.

Pensando em alertar sobre o assunto, desenvolvi este conteúdo. Confira!

Como se dá a infecção do HPV na orofaringe?

A infeção na orofaringe, bem como em qualquer outra estrutura da cavidade bucal, normalmente se dá por meio de relações sexuais desprotegidas com portadores do HPV. Durante a prática do sexo oral sem o uso do preservativo, o vírus se instala nessas regiões.

Como existem mais de 150 tipos de HPV, sendo a minoria com potencial carcinogênico (como o HPV-16 e o HPV-18), na maior parte dos casos, o próprio organismo desenvolve anticorpos para combatê-lo.

Ou seja, não são necessários tratamentos. Por outro lado, quando são subtipos agressivos e não tratados, as lesões podem evoluir para tumores malignos na região da garganta.

Pessoas que tiveram outros tumores relacionados ao HPV são mais suscetíveis ao câncer de orofaringe

Além das pessoas acometidas diretamente pela infecção do HPV na orofaringe, aquelas que tiveram neoplasias associadas em locais como o colo do útero, vulva, pênis e outras regiões da cabeça e pescoço, também são mais suscetíveis a um novo tumor primário na garganta.

Prova disso é o estudo Risk of Second Primary HPV Associated Cancers After Index Hpv-Associated Cancers (Risco de Segundo Câncer Primário Associado ao HPV após Cânceres Associados ao HPV).

Ele apontou que, com a presença do vírus, o risco de desenvolver um segundo câncer primário é maior tanto em mulheres quanto em homens, sendo mais comuns os tumores de orofaringe.

Para se ter ideia, em comparação com quem não tem infecção pelos vírus HPV 16 e 18, as pacientes que trataram de tumores no colo do útero possuem um risco 20 vezes maior de desenvolver essa neoplasia, enquanto os homens diagnosticados com câncer de pênis associado têm 18 vezes mais risco.

Para quais sintomas do câncer de garganta é preciso ficar atento?

Nem sempre a presença do HPV na orofaringe tem sinais visíveis até que a infecção vá avançando e as lesões se transformem em tumores malignos. Quando passa a apresentar sintomas, os principais são:

– feridas e úlceras (aftas) na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias;

– presença de nódulo (caroço) persistente ou espessamento na bochecha;

– manchas avermelhadas ou esbranquiçadas nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento interno da boca;

– irritação ou sensação de que alguma coisa está presa na garganta;

– dificuldade em mastigar, engolir e/ou mover a mandíbula ou a língua;

– inchaço da mandíbula, fazendo com que dentaduras ou próteses percam o encaixe ou incomodem;

– alterações na voz, como rouquidão, que não passam;

– nódulos endurecidos e aumentados no pescoço;

– mau hálito recorrente.

Caso estes sinais ocorram e se tornem persistentes, é fundamental procurar um cirurgião de cabeça e pescoço ou otorrinolaringologista para avaliação clínica e realização de exames. Essas condutas podem detectar tanto a presença de lesões do HPV quanto neoplasias na garganta.

Principal arma contra a infecção pelo HPV e consequente câncer de orofaringe é a prevenção

A forma mais eficaz de evitar a infecção pelo papilomavírus e, consequentemente, a ocorrência do câncer de garganta e em outras regiões, é por meio da vacinação de meninos e meninas entre 9 e 14 anos de idade.

Isso porque a imunização se torna mais efetiva quando ainda não se iniciou a vida sexual. Além disso, pessoas com até 45 anos de idade também podem se vacinar.

Também é importante se proteger durante as relações sexuais, incluindo o sexo oral, com a utilização do preservativo. Por mais que ele não impeça totalmente a infecção, há uma proteção parcial.

Este conteúdo foi útil para você? Então confira agora o artigo que fala sobre o que é o câncer de cabeça e pescoço!