No último conteúdo, eu trouxe informações sobre os principais efeitos colaterais da quimioterapia, dentre os quais está a mucosite oral.
Como essa é uma reação comum no tratamento de diversos tipos de tumores, é importante abordá-la para auxiliar os pacientes oncológicos, tanto em relação ao conhecimento da condição quanto a formas de amenizá-la.
Se você chegou até aqui, provavelmente está buscando saber mais a respeito. Confira o artigo e fique por dentro!
A mucosite é uma inflamação na parte interna (mucosa) da boca e garganta, que pode levar à formação de úlceras (aftas) e feridas dolorosas na região. Ela se dá em função do efeito citotóxico da quimioterapia, ou seja, efeito tóxico dos medicamentos no organismo, já que, infelizmente, além de agirem nas células doentes, eles afetam também as saudáveis.
Vale citar que o surgimento da condição pode ocorrer também na radioterapia, como por exemplo, nos casos de tratamento na região da cabeça e pescoço. O transplante de medula óssea, uma necessidade de alguns pacientes oncológicos, também pode contribuir com o problema.
A mucosite está frequentemente associada ao desconforto e a dor, além de influenciar diretamente na capacidade de ingerir alimentos, o que, por sua vez, pode prejudicar o bom andamento do tratamento pela falta de nutrição adequada.
Por isso, precisa ser tratada, tanto com condutas realizadas pelo paciente quanto por alguns métodos prescritos pelos médicos e dentistas.
O principal fator de risco para a mucosite é o tratamento oncológico em si. Entretanto, vale citar também:
– tipo de câncer e protocolo realizado;
– saúde bucal ou dental frágil ou debilitada;
– desidratação;
– baixo Índice de Massa Corporal (IMC);
– alterações ou doenças nos rins;
– diabetes;
– HPV.
Além disso, pacientes jovens podem desenvolvê-la com mais frequência do que aqueles com idade avançada. Por outro lado, a cura da condição também costuma ser mais rápida nessa faixa etária.
É preciso que o paciente esteja sempre atento ao surgimento desse efeito colateral, de forma a minimizar as chances de evolução e iniciar o tratamento o quanto antes. Caso contrário, podem se dar as seguintes complicações:
– fortes dores na região da boca;
– restrições na ingestão de alimentos e líquidos;
– maior facilidade para a entrada de microrganismos, como bactérias e fungos;
– aumento do uso de medicamentos como antibióticos;
– interrupção do tratamento oncológico até que o quadro se estabilize.
A identificação da mucosite normalmente se inicia pela observação de sinais. Os principais são:
– aftas e feridas que evoluem e não regridem;
– boca e gengivas com vermelhidão ou inchaço;
– sangramentos na boca;
– dores na boca ou garganta;
– dificuldade para engolir ou falar;
– sensação de queimação ou dor no momento da alimentação;
– presença de manchas esbranquiçadas ou pus na boca ou língua;
– aumento de muco ou saliva mais espessa na boca.
Nos casos mais avançados, toda a cavidade oral pode ser acometida, sendo coberta por um revestimento de muco branco, causando dor intensa e aumentando bastante a dificuldade de alimentação.
A melhor forma de manejar a mucosite é evitar que ela aconteça ou fazer o tratamento precoce, já nos primeiros sinais. Caso o paciente esteja com a inflamação, algumas dicas para amenizar a dor e outros sintomas são:
– mesmo que haja dificuldade, procurar ingerir bastante água e outros líquidos, como água de coco e chás mornos, gelados ou em temperatura ambiente;
– evitar alimentos açucarados, ácidos, muito condimentados, duros e secos;
– fazer uma boa higiene oral, com escovação sempre após as refeições e antes de dormir (a escova deve ter cerdas macias ou extra macias e o creme dental com flúor não abrasivo), e uso do fio dental ao menos uma vez ao dia, exceto nos casos de dor e sangramento intensos;
– usar enxaguantes bucais que não contenham substâncias irritantes. É possível fazer um enxaguante caseiro, contendo ¼ a ½ colher de chá de bicarbonato de sódio diluído em 250 ml de água filtrada;
– utilizar lubrificantes solúveis em água (como a lanolina) para proteger os lábios e a cavidade oral;
– remover a dentadura para realizar a higiene bucal, além de realizar a escovação da mesma após as refeições e não utilizar se estiver frouxa ou desconfortável;
– dar preferência a alimentos em temperatura morna, fria ou gelada;
– chupar gelo de água ou chá de camomila e picolés para aliviar o desconforto.
É importante que o paciente com mucosite relate o quadro ao oncologista, de forma a se estabelecer as melhores condutas de tratamento, incluindo o uso de certas medicações para analgesia.
O nutricionista também é fundamental, para garantir aporte calórico adequado, indicando quando necessário, suplementos, e dieta por sonda. Além disso, é fundamental acompanhamento com dentista para avaliação da condição e, se necessário, realizar a laserterapia de baixa potência.
A técnica aumenta a microcirculação da região bucal e restabelece a produção da energia celular, promovendo a cicatrização das feridas e a ação anti-inflamatória.
Espero que esse conteúdo tenha sido esclarecedor para você. Confira agora o artigo que fala sobre o que é o câncer de cabeça e pescoço!