
No mês de novembro, tive o prazer de ser uma das palestrantes do Centro-Oeste Cancer Summit – Pós-ESMO 2025, promovido pela plataforma Cancer Review, em Goiânia.
Participei das discussões dos estudos que se destacaram no ESMO deste ano, abordando os cânceres de mama e de pulmão.

A seguir, apresento as principais pesquisas por tipo de neoplasia. Confira.
Avaliou mulheres com câncer de mama HER2+ de alto risco, que fizeram tratamento neoadjuvante (antes da cirurgia).
O estudo testou T-DXd (uma droga já usada para pacientes metastáticas) seguido da combinação tradicional de paclitaxel, trastuzumabe e pertuzumabe (THP), comparando com o tratamento padrão.
Este estudo apresentou aumento de taxa de resposta completa (ou seja, um número maior de pacientes que não tinha mais células tumorais no momento da cirurgia): 67,3% vs 56,3%.
Além disso, o regime apresentou menos efeitos colaterais, mostrando que esta opção de tratamento pode vir a ser uma nova opção para este grupo de pacientes.
Também um estudo direcionado para pacientes com câncer de mama HER 2 +;
O DESTINY-Breast05 avaliou mulheres que, após o tratamento antes da cirurgia, ainda apresentavam tumor residual, grupo de alto risco de recidiva. O estudo comparou T-DXd com o tratamento tradicional T-DM1.
Os resultados mostraram que T-DXd reduziu em 45% o risco de recidiva ou morte e apresentou tendência de reduzir metástases à distância, inclusive no cérebro.
Esses dados sugerem que o T-DXd seja uma droga mais eficaz para reduzir recidiva neste grupo de pacientes, e pode se tornar o novo padrão de cuidado adjuvante para pacientes de alto risco.
O FLAURA2 avaliou pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células com mutação EGFR, testando osimertinibe (droga oral) combinado à quimioterapia padrão, comparado a osimertinibe isolado.
A combinação prolongou a sobrevida global, inclusive em pacientes com metástases cerebrais ou pior prognóstico, mostrando que essa estratégia pode controlar melhor a doença e aumentar tempo de vida a longo prazo destes pacientes.
Estudo também em pacientes com câncer de pulmão com mutação de EGFR. Trouxe uma opção para pacientes cujo câncer progrediu após tratamento com drogas orais em primeira linha – TKIs (inibidores de tirosina quinase).
O estudo testou uma droga nova chamada sacituzumab tirumotecan, um anticorpo conjugado que atua na proteína TROP2, comparado à quimioterapia tradicional.
O medicamento prolongou o tempo de controle de doença e reduziu o risco de morte, com efeitos colaterais gerenciáveis, oferecendo uma opção eficaz e promissora para pacientes que já haviam esgotado as terapias iniciais.
Outro estudo para pacientes com câncer e pulmão com mutação de EGFR, que também falharam a primeira linha com TKIs, testando ivonescimabe (uma droga nova que é um anticorpo bispecífico com dupla ação – imunoterapia e ação anti-angiogênica, ou seja, inibe a produção de novos vasos pelo tumor), combinado à quimioterapia, comparado à quimioterapia isolada.
O estudo mostrou que a combinação reduziu o risco de progressão e aumentou o tempo de controle de doença, inclusive em pacientes com metástases cerebrais.
Essa estratégia amplia as opções de tratamento para pacientes que já realizaram outras alternativas.
Os estudos apresentados no ESMO 2025 trazem avanços que podem transformar o cuidado oncológico. Em pacientes com câncer de mama HER 2+, os dados do DESTINY-Breast11 e DESTINY-Breast05 reforçam o papel do T-DXd, oferecendo maior chance de cura e menor risco de recidiva.
No câncer de pulmão EGFR+, FLAURA2, OptiTROP e HARMONi demonstram que novas combinações e terapias inovadoras aumentam a sobrevida e ampliam as opções para pacientes que já passaram por múltiplas linhas de tratamento.
Foi muito especial poder assistir presencialmente às apresentações destes dados no congresso Europeu de Oncologia (ESMO) este ano, em Berlim.
Acompanhar os avanços científicos, pois cada nova evidência tem potencial de melhorar a vida dos pacientes, oferecendo tratamentos mais eficazes, seguros e personalizados.
Agradeço a oportunidade de discutir e trocar impressões sobre estes novos dados no Summit, com colegas de todo Brasil.
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